terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Nescio quid...

Futuro presidente mexicano tentando responder quais os três livros que mais lhe marcaram a vida: só consegue citar a bíblia e "La Silla del Aguila, de Krauze" (mas que não é de Enrique Krauze, mas de Carlos Fuentes) . Devia ter seguido o conselho do nosso letrado Lula, pra quem "ler é como ter uma esteira ergométrica no quarto, no começo dá uma preguiça desgraçada, mas logo a gente acaba gostando".

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Criatura da ansiedade

Nestes tempos de euro-pânico, é útil o que nos recorda Tony Judt em "Postwar":

"Post-national, welfare-state, cooperative, pacific Europe was not born of the optimistic, ambitious, forward-looking project imagined in fond retrospect by today's Euro-idealists. It was the insecure child of anxiety."

Ashes and Diamonds (Andrzej Wajda, 1958)

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Tio Sam, o Espertalhão

Do Wikipedia:

"En 2000, el gobierno de China compró un 767-300ER para ser usado como el avión ejecutivo oficial para el presidente Jiang Zemin. La aeronave fue entregada originalmente a Delta Air Lines en junio del 2000 y fue revendida inmediatamente a China United Airlines. Luego de ser transferido al gobierno chino, el avión fue llevado a San Antonio, Texas para ser redecorado con un interior personalizado.

A finales de 2001, el gobierno de China anunció que había descubierto 27 dispositivos para espías escondidos en el interior del avión. El gobierno de China culpó a la CIA de los dispositivos ocultos. Los 22 militares y oficiales del gobierno que estaban a cargo de la supervisión del redecorado fueron arrestados por sospechas de negligencia y corrupción.

La CIA y el presidente de Estados Unidos George W. Bush negaron tener conocimiento de los dispositivos ocultos. Expertos en diplomacia se preocuparon de que el incidente no fuera a causar efectos negativos en las relaciones chino-estadounidenses y en la reputación de Boeing en el mercado chino. Sin embargo, las relaciones entre China y Estados Unidos se mantuvieron bien y las aerolíneas chinas siguieron comprando aviones a Boeing."

sábado, 30 de julho de 2011

Afluente mineiro? (II)

Olha a lama do Dnit já escorrendo a Minas... deu no Estadão de hoje, mas o Estrago de Minas novamente se cala:

Dnit pagou R$ 287 milhões a empresário mineiro durante o mandato parlamentar

Pavotec, empresa da qual o ex-deputado estadual Djalma Diniz é sócio majoritário, está entre as 10 que tiveram negócios mais volumosos com o departamento em 2010

29 de julho de 2011 | 23h 00



A matéria inteira aqui:

terça-feira, 26 de julho de 2011

Afluente mineiro?

Será que o rio de lama dos Ministérios dos Transportes tem algum afluente na bancada mineira do Senado? O nosso senador da república Clésio Andrade, do mesmo partido que controla a bandidagem dos transportes, o PR, é também Presidente da Confederação Nacional dos Transportes. É sabido também que Clésio fez fortuna como proprietário de empresas de ônibus que operam em Belo Horizonte. O povo belorizontino reclama seu metrô há décadas sem sucesso. A verba nunca chega e mesmo agora para a Copa a opção do metrô foi descartada em favor de uma solução que privilegia a expansão do sistema de ônibus. Deve ser tudo coincidência.

Clésio também foi vice de Aécio no governo de Minas e responde na Justiça por crime de peculato e lavagem de dinheiro, indiciado no escandâlo do Mensalão. Como comentado acima, esta peça chave do Valerioduto está há anos na presidência do CNT, que é um doador milionário de campanhas políticas. Obviamente tudo coincidência também.

Em tempo: que bela bancada tem Minas Gerais no Senado Federal: Clésio Andrade, Aécio Neves e Zezé Perrella.

sábado, 11 de junho de 2011

Palocci é Pelé e é Garrincha

Se Antônio Palocci é o Pelé da consultoria, talento inigualável do ramo, é também o Garrincha da impunidade, um gênio do drible que já se safou nos três poderes da União. Sua trajetória revela muito do atual estado das instituições brasileiras no que se refere ao combate à corrupção.

Primeiro o prodígio driblou a Justiça, quando o Supremo Tribunal Federal o livrou de uma ação penal no caso do caseiro. Foi por pouco (5 votos a 4), mas o malandro se safou. Quem saiu entortado neste drible foi o STF, que depois ainda foi desmoralizado pela própria Caixa (!), com uma declaração oficial do banco afirmando que a ordem da violação do sigilo havia mesmo partido do gabinete do ministro.

Depois foi a vez do Legislativo entrar na ginga do mestre. Eleito deputado federal, Palocci foi nomeado por seus pares presidente de uma das mais importantes comissões da Câmara. Mesmo com o nome envolvido nos esquemas do mensalão e da violação do sigilo bancário do caseiro, virou presidente da Comissão de Finanças e Tributação. Nestas circunstâncias surge a firma de consultoria financeira mais lucrativa do país.

Então veio o drible ao Executivo. Mesmo com seu histórico, Palocci foi, por indicação de Lula, chamado a coordenar a campanha de Dilma e, depois da eleição, reconduzido ao centro do poder. Sem constrangimentos, foi nomeado ministro de estado e para nada menos que a Casa Civil. O drible começa aí, mas só termina depois de descoberto o enriquecimento relâmpago, quando Palocci ainda recebe a chancela da Comissão de Ética Pública e sai do governo sob elogios da Presidenta.

Portanto, antes que o Engavetador-Geral da República Roberto Gurgel arquivasse as denúncias contra Palocci, a Justiça já o havia livrado da abertura de um processo, o Legislativo já o havia empoderado e o Executivo o legitimado. É um craque.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

A Cry From The Grave

Para quem quiser entender melhor a importância histórica da captura do General Ratko Mladić, vai a sugestão deste excelente documentário de 2000 da BBC:

terça-feira, 24 de maio de 2011

Fã de Machado

O Estado de São Paulo (16/05/2011): Antes de falar sobre Midnight in Paris, tenho duas questões que se referem especificamente ao Brasil. Uma delas diz respeito à sua descoberta de Machado de Assis. Como isso aconteceu?
Woody Allen: Devo a uma fã brasileira que me mandou um e-mail falando de Machado, de Memórias Póstumas de Brás Cubas. Ela me recomendava que lesse o livro. Tinha certeza de que não iria me decepcionar. E não me decepcionei! O livro é sutil, divertido, inteligente, mas acima de tudo o que me encantou foram a sua ironia e a sua modernidade. Machado refletia sobre o próprio trabalho de uma forma muito contemporânea. Nesse sentido, Brás Cubas é completamente moderno. Poderia ter sido publicado na semana passada.

(Entrevista completa aqui)

quinta-feira, 19 de maio de 2011

a puño, amigo Pérez!



"– ¡Bien, muy bien! – exclamó don Fermín–. ¡Esto es entereza y libertad! ¡Esta es la mujer del porvenir! ¡Mujeres así hay que ganarlas a puño, amigo Pérez, a puño!" (Don Fermín em Niebla de Miguel Unamuno)

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Paradoxos Modernos

Enquanto me esforçava por não me concentrar no trabalho que fazia sobre o tema da modernidade na América Latina, distraí-me pensando no Abaporu da Tarsila do Amaral.


Reparei como o quadro é composto por diversos paradoxos. Li que Abaporu em Tupi significa "comedor de homem", no bom sentido é claro, ou seja, no sentido canibal. Entretanto, o Abaporu não tem boca (tenho uma forte impressão de que esta minha observação não seja nada original).

Mas para além deste mais óbvio, há outros paradoxos observáveis - e talvez estes sim mais originais. O Abaporu é um comedor, mas se encontra em uma paisagem desértica, evocada pelo sol forte e o cacto. O que haveria de comer ali? Se é canibal, quem poderia comer em um ambiente tão solitário?

O Abaporu também tem uma pose de pensador. A cabeça inclinada, apoiada sobre o braço esquerdo e a expressão meditativa no rosto de poucos traços transmitem a impressão de alguém com os pensamentos imersos em um mundo contemplativo. O Abaporu é um contemplador, mas são seus braços e pernas que são agigantados, enquanto a cabeça é minúscula.

O Abaporu é também o quadro mais recordado, admirado e valioso do Brasil. Mas ele está exposto - paradoxalmente exposto - em Buenos Aires. Foi comprado em 1995 pelo argentino Eduardo Constantini, fundador do Museu de Arte Latinoamericana de Buenos Aires.

Quando morei na Argentina em 2006, visitei o Abaporu algumas vezes, ele lá solitário, refletindo sabe-se lá sobre quais paradoxos.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Tudo como antes na gringolândia

Pelo tom dos artigos de opinião hoje no New York Times, vê-se mesmo que nada mudou:

"O Estímulo Obama? - Pode a morte de Bin Laden melhorar a economia?"

"A Morte de um Ícone - Bin Laden era o corpo e a alma do Islam Jihadista. Ninguém poderá substituí-lo"

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Osama kills Obama






And so shortly after taking office, I directed Leon Panetta, the director of the CIA, to make the killing or capture of bin Laden the top priority of our war against al Qaeda (...)” (3:08m)

America can do whatever we set our minds to (...) let us remember that we can do these things not just because of wealth or power, but because of who we are: one nation, under God, indivisible, with liberty and justice for all." (8:35m)


The softcore US President, the liberal, the idealist, explicitly told the world that he ordered an assassination, a state assassination a la Mossad. Yes, the US can do whatever they set their minds to, and let us remember that they can do those things not just because of wealth or power, but because of who they are. They can do whatever they set their minds to, except to bring down the hate they instigate against themselves... I do not weep today for this murderer's death, I weep because it seems that nothing really changes.

This was a disastrous event.

domingo, 1 de maio de 2011

Inventividade

Muito interessante este trecho que li no artigo do Wikipedia sobre o espião israelense Eli Cohen, capturado e executado pelo governo Sírio em 1965:

"(...) Cohen suggested that eucalyptus trees should be planted around Syrian military bunkers and mortars on the Golan Heights that were targeting Israel. That way Cohen argued, the trees would provide natural cover for the outposts (eucalyptus trees grow very quickly), preventing soldiers and personnel from suffering the effects of heatstroke. After his suggestion was implemented by the Syrian military, Cohen passed on the information to Israeli intelligence, then the Israeli Air Force (IAF)—using the newly planted trees as a guide—easily destroyed the majority of those bases during the Six-Day War. The mature trees are still evident today when visiting the sites."

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Lei Seca

Aécio, Rei das Gerais, foi pego dirigindo mamado no Leblon. É a Lei Seca mostrando que pegou no Rio. Mas essa história de lei começar a valer podia passar também pro peculato, pra lavagem de dinheiro, pra formação de quadrilha, e aí começar a cair em blitz o Clésio Andrade (nosso outro honroso representante de Minas no Senado Federal), Mares Guia e toda essa turma boa que rodeia o Palácio das Mangabeiras. Mas a Dilma antes de receber a medalha da Inconfidência no próximo 21/04 vai almoçar na fazenda do Mares Guia, ninho dos mensaleiros mineiros.

Essa misteriosa blindagem do Aécio no mensalão mineiro continua... deve ser feita do mesmo material daquela do Lula...

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Fica pronto?

Há muita gente preocupada com o atraso nas obras pra Copa e dizendo mesmo que pode não acontecer. Eu não tenho dúvida de que vai acontecer e que ficará tudo pronto, ou quase tudo. A questão é que arcaremos com um custo impensável, trezentas vezes o que custariam as obras com planejamento e execução adequados. Teremos estádios, aeroportos e estradas prontas exatamente como ficou "pronta" Brasília pro JK, transportando tijolo de avião.

sábado, 2 de abril de 2011

Golpe nos EUA

"Por que nunca houve golpes de estado nos Estados Unidos?
Porque não há embaixadas dos Estados Unidos lá."

sábado, 26 de março de 2011

Deus

"O homem criou Deus, para que este o criasse" (Ferreira Gullar).

E o poeta complementa:

"Pois como disse o Waldick Soriano, 'eu não sou cachorro não'"

quinta-feira, 10 de março de 2011

O Grande Jornal dos Mineiros (III)

Deu no Estado de Minas:

"Está sem tempo para ir à academia? Fique tranquila, pois é possível ficar em forma sem sair de casa."

Veja que o jornal se dirige explicitamente ao gênero feminino!

Você, mulher, que deseja manter-se atraente para seu marido, continue esquentando a barriga no fogão e esfriando no tanque! Deu no Estado de Minas, jornal moderno!

Esta pérola do EM (mais uma) foi parar no blog do Nassif: http://www.advivo.com.br/node/391504

Valeu, Helga, pela dica! Hilário!




segunda-feira, 7 de março de 2011

O Poeta e o Eunuco

Quem assistiu ao Roda Viva da semana passada viu o contraste da mediocridade com o extraordinário. "No centro da roda" esteve o poeta Ferreira Gullar e, na bancada, os jornalistas titulares do programa Marília Gabriela, Augusto Nunes e Paulo Moreira Leite, além dos convidados Mona Dorf e Carlos Graieb (também jornalistas).

Apesar de ser o melhor programa de entrevistas da televisão brasileira - se não o melhor em qualquer categoria - sempre sofre com sua maior qualidade, isto é, o brilhantismo de seus convidados. Inevitavelmente este brilhantismo se choca com as limitações dos jornalistas entrevistadores. Estes não são de todo incompetentes, ao contrário, são até figuras destacadas no meio. Porém, não se pode pedir que dominem o conhecimento de cada especialidade que ali se discute e, muito menos, que se nivelem às figuras extraordinárias que se sentam ali naquela roda.

Um dia me disseram que jornalistas eram "doutores em miscelânea". Acho a definição um tanto justa, pois reconhece as virtudes e limitações desses profissionais.


Ferreira Gullar (fonte desconhecida)

Gullar para mim é motivo de ufanismo, porque não me vem à mente artista mais brilhante e mais brasileiro que este poeta. Talvez Ariano Suassuna seja o único que lhe dê alguma competição nestes dois quesitos - mas não chega a alcançá-lo, não para mim. No Roda Viva da semana passada, além de se mostrar claramente frustrado pelo desconhecimento total dos entrevistadores sobre poesia, Gullar foi ofendido grosseiramente pelo jornalista Paulo Moreira Leite, ex-redator chefe da revista Veja. Logo no início do programa, o jornalista disse, lendo um poema de Gullar do tempo do concretismo, que era hoje uma poesia quase ilegível e afetada. O poeta se ofereceu a ensinar-lhe ler a poesia e se saiu elegantemente, embora claramente ofendido.

Neste momento fica patente o contraste da mediocridade e do extraordinário, sai faísca do impacto. Moreira Leite, com sua sensibilidade de eunuco, despreza a arte pela incompreensão, anuviado por sua racionalidade frenética e boçal. Mas é em outro momento que a alma raza do jornalista se mostra ainda mais confundida diante do poeta:

"- O senhor fala muito de morte em seus poemas, de vários amigos que já morreram; isto tem a ver com essas indagações [metafísicas, que Gullar comentava que sempre as tinha]?
- Não. Isso dói. Apenas dói. Não responde a nada".

É este tipo de gente que dita o tom na redação da revista mais vendida do país. Sorte é que nas letras do nosso país refúgio é que não falta. Vida longa a Gullar.

Pra quem quiser assistir:

http://www.tvcultura.com.br/rodaviva/programa/1245

A Inteligência de Sua Majestade

Nada mais melancólico que uma potência de segunda categoria com passado imperial. Chega a ser cômico o tom submisso com que o diplomata britânico se dirige a um líder rebelde líbio, choramingando a libertação da missão capturada pelos insurgentes. O programa BBC World Briefing transmitiu hoje um trecho da conversa:

http://www.bbc.co.uk/programmes/p00f1vb6 (disponível até 13/03/2011)

Para quem não está por dentro do assunto, trata-se de uma missão do MI6 ("Her Majesty's Secret Service") e de um regimento de elite da aeronáutica britânica (Special Air Service, SAS) que foram capturados na última quinta-feira pelas tropas rebeldes no oeste da Líbia. O objetivo da missão era estabelecer contato com as forças contrárias ao regime, mas o comando britânico não teve a recepção que esperava e acabaram capturados pelos rebeldes sob suspeita de serem mercenários. Foram mantidos em cativeiro até a libertação que ocorreu hoje.

Esta humilhação faz lembrar uma outra no ano passado, quando a Grã-Bretanha ficou miúda diante de Israel após uma operação em que o Mossad usou passaportes britânicos falsos para assassinar um líder do Hamas em Dubai.



Ps.: Sobre essa operação do Mossad, uma comentarista do The Times publicou na época uma coluna elogiosa da determinação dos israelenses, que, segundo ela, quando precisam agir não vacilam. A jornalista se chama Melanie Reid e é uma mistura da burrice da Eliane Cantanhêde com o conservadorismo caricato do Diogo Mainardi. Na ocasião, enviei um comentário criticando a moralidade infantil da jornalista. O comentário foi publicado mas já não está disponível online, mas o artigo ainda se pode ler (e rir) por aqui:

http://www.timesonline.co.uk/tol/comment/columnists/melanie_reid/article7031188.ece

quinta-feira, 3 de março de 2011

"I owe my life to smoking"


Um conforto aos fumantes, vindo de uma mente ilustre:


"I took to it some seventy years ago, so it doesn't seem to have had a very great effect so far..."

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Controle de Imprensa?

Aí está, ainda que arriscado, este tema deve ao menos ser tratado com mais sofisticação, em um debate não pautado inteiramente pela classe mais interessada:

"Talvez sejam as propostas sobre controle da imprensa as que melhor servem à paranoia, embora a questão certamente deva ser considerada (afinal, até quanto ao Judiciário o controle externo é recomendável) em termos mais sofisticados do que os resultantes da frequente arrogância ideológica de uma categoria profissional - ou dos interesses correlatos." Fábio Wanderley Reis

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

O Grande Jornal dos Mineiros (II)

Manchetes nos sites dos jornais de hoje sobre a revolução na Líbia:

  • UOL (Folha de São Paulo): WikiLeaks expõe detalhes de atos da família de Gaddafi
  • O Estado de São Paulo: Kadafi recorre a mercenários
  • El País: Os rebeldes avançam para Trípoli e Gadafi se prepara para o combate
  • The New York Times: Qaddafi reúne forças em Trípoli enquanto a rebelião se espalha

UAI (Estado de Minas):

Onda de protestos no Oriente Médio faz turistas desistirem de pacotes

Geórgea Choucair - Estado de Minas

Publicação: 24/02/2011 06:25 Atualização:

Os turistas mineiros querem passar longe da onda de protestos no Oriente Médio e no Norte da África. A demanda por pacotes para países, como Síria, Líbia, Jordânia e Egito está praticamente nula nas agências de turismo na capital. As viagens estão sendo canceladas até mesmo para o segundo semestre do ano. No Egito, a rede hoteleira e operadoras de turismo local fazem oferta pela metade do preço para tentar reativar as visitas ao país. Diária de hotel que era comercializada por US$ 200, por exemplo, está em oferta por US$ 100.

(...)

A imprensa mundial acompanha com interesse e destaque este momento histórico extraordinário e a ênfase do nosso Grande Jornal dos Mineiros é para a Dona Maria que já não vai mais passear no deserto!!!

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Brasil, terra boa e gostosa (II)

Recebi esta reflexão por email, baseada em uma notícia requentada do Correio Braziliense. Embora apócrifa e não correspondendo exatamente ao que noticia o jornal, as comparações soam bastante natural ao país da piada pronta:

Um motorista do Senado ganha mais para dirigir um automóvel do que um oficial da Marinha para pilotar uma fragata.

Um ascensorista da Câmara Federal ganha mais para servir os elevadores da casa do que um oficial da Força Aérea que pilota um jato.

Um diretor que é responsável pela garagem do Senado ganha mais que um oficial-general do Exército que comanda uma Região Militar ou uma grande fração do Exército.

Um diretor sem diretoria do Senado, cujo título é só para justificar o salário, ganha o dobro do que ganha um professor universitário federal concursado, com mestrado, doutorado e prestígio internacional.

Um assessor de 3º nível de um deputado, que também tem esse título para justificar seus ganhos, mas que não passa de um "aspone" ou um mero estafeta de correspondências, ganha mais que um cientista-pesquisador da Fundação Instituto Oswaldo Cruz, com muitos anos de formado, que dedica o seu tempo buscando curas e vacinas para salvar vidas.

O INSS paga a um médico, por uma cirurgia cardíaca com abertura de peito, a importância de R$ 70,00, equivalente ao que uma diarista cobra para fazer a faxina num apartamento de dois quartos.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Melhor da Imprensa no Domingo

Uma seleção do que li de melhor:

El País:


Diálogo Politeísta (uma conversa entre Javier Marías e Umberto Eco)

La fiesta donde nadie reía (um relato interessante dos últimos escândalos do fanfarrão Berlusconi)

New York Times:

Amy Chua is a Wimp (uma crítica da filosofia espartana dessa mãe chinesa na criação de seus filhos)

Maybe Japan Was Just a Warm-Up (uma comparação histórica entre a ameaça japonesa aos EUA nos anos 1980 e 90 e da chinesa nas décadas passada e atual)

The New Yorker:

Money Can Buy Happiness - As If (Woody Allen narrando uma partida de Banco Imobiliário em meio à crise financeira)

Social Animal (um relato das descobertas recentes sobre a mente humana)

Estadão:



fonte: The New Yorker, 23/01/2011


Uma palhinha da reportagem sobre Polanski (El País):

(transcrição de uma tentativa frustrada de entrevista de um jornalista espanhol com o diretor neurótico)

-Señor Polanski, el mal es algo que ha influido profundamente en su forma de hacer cine y...

-No siga usted por ahí.

-Desde que hizo El cuchillo en el agua, el mal, decía, puede presentarse en sus películas como elemento simbólico, real, relacionado con Satán,...

-Le he dicho que no quiero hablar de eso en la entrevista.

-No estoy hablando de su vida, sino de sus películas.

-No hablaré de eso.

-Pues si no podemos hablar de eso, yo ya he acabado la entrevista.

Y la media hora de encuentro entre las dos partes irreconciliables quedó en 10 minutos. Todo por culpa del mal, del Mal.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Brasil, terra boa e gostosa

Quanto ao episódio dos passaportes vermelhos pra família Lula em nome do interesse nacional, o Roberto daMatta comentou: "é a nossa velha prática de canibalizar o cargo que se ocupa". Realmente, Lula não dispensaria essa última lambidinha no prato.

Agora, eu me pergunto sobre a Marisa, que pediu cidadania italiana enquanto o marido dela era presidente do país. Será que ela vai pedir passaporte diplomático pro Berlusconi?


terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Menos gravata!

Um amigo comentou um texto aqui no blog sobre os alemães e me recomendou essa mensagem do Vinícius ao povo português. Vale a pena ver.




(Valeu, Prós!)

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Receita de boa educação

Por que a Finlândia tem os melhores resultados nos índices mundiais de educação?

O governo do Japão enviou uma comitiva ao país escandinavo pra descobrir a resposta. Entre vários aspectos importantes, os japoneses se depararam com uma característica que, inesperadamente, estava entre os pontos-chaves do modelo educacional finlandês: o ensino de música.

Os especialistas finlandeses explicaram aos japoneses que a música produzia dois resultados essenciais. Primeiro, as aulas de música resgatam uma relação fundamental de aprendiz e mestre que acaba se transbordando para as outras disciplinas. Segundo, o ensino de música aproxima a família do aprendizado da criança; no dia-a-dia, quando o aluno pratica suas lições com o instrumento em casa e, nas apresentações na escola, quando a família vai assistir aos concertos.

Escutei esta história em um seminário aqui em Barcelona sobre educação na América Latina. Depois fiquei me perguntando: quantas escolas públicas ensinam música no Brasil? Um luxo quase impensável... no país da melhor música do mundo.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

O Silêncio

Ontem um amigo me contou a história de uma revista que ele e alguns colegas publicaram na década de 70 em Belo Horizonte. A revista se chamava "Silêncio" e veiculava textos de protesto dos estudantes da antiga FAFICH (Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG) contra a ditadura militar. Depois de poucos meses de circulação clandestina pela cidade, os responsáveis pela revista foram intimados a depor na polícia e obrigados a recolher todos os exemplares que já estavam nas ruas. A história não terminou aí, continuou com muita briga entre os publicistas e os censores. Mas naquele momento foram brindados com a brilhante manchete do Pasquim:

"CENSURA PROÍBE SILÊNCIO"


quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Sul do Norte

Uma das minhas mais fortes impressões do povo alemão foi sua afeição à inteligência. Isto se observa desde a mecânica de coisas básicas do dia-a-dia – sempre surpreendentemente funcional e eficiente – até o futebol da seleção nacional. O time de Löw era o mais jovem da Copa do Mundo de 2010, e jogou muito bem. Mas nem por isso abandonou o futebol esquemático, enquadrado, inteligente, tão característico do país. Talvez tentar mudar isso resultaria no mesmo que resultou a tentativa do Dunga de germanizar o futebol tupiniquim.

Na primeira vez que morei na Alemanha, há oito anos, em Rostock, eu estudava ao lado de um canteiro de obras. Eu estranhava muito por quase não ver gente trabalhando. No entanto, a cada dia que passava pela obra, parecia que tinha subido um andar a mais do edifício em construção. Antes de ir pra Alemanha, eu tinha a idéia de um povo aficionado com trabalho, mas percebi que é justamente o contrário. Os profissionais liberais quase nunca trabalham 40 horas semanais e quase impossível é encontrar um estabelecimento comercial aberto aos domingos, mesmo nas grandes cidades. O alemão trabalha relativamente pouco, mas o faz com disciplina e inteligência, aplicando tecnologia e sempre desenvolvendo novas técnicas.

Nas relações sociais também é muito valorizada a inteligência. O que em geral é muito bom, mas que muitas vezes também resulta em insuportáveis competições intelectuais.

Embora o estereótipo de um povo frio seja exagerado, não pude evitar a impressão de que essa gente tão cerebral careça de alguma extroversão, espontaneidade, leveza. Eles mesmos parecem sentir essa falta e isso explica o fascínio das novas gerações por batuques e capoeiras. É a admiração pelo sul.

Mas a relação dos alemães com os povos do sul também é caracterizada historicamente por certo desprezo. O nazismo foi a expressão máxima do Deutschland über alles, mas esta atitude de superioridade não nasceu ali. A literatura de Thomas Mann, por exemplo, reflete bem isso. No conto Tonio Kröger, de 1903, o personagem que dá nome à estória, perguntado se viajaria à Itália, responde:

“Toda aquela bellezza me dá nos nervos. E eu não posso suportar toda aquela terrível vivacidade, toda aquela gente com seus olhos negros animalescos. Eles não têm consciência em seus olhos, essas raças latinas... Não, desta vez farei uma pequena viagem à Dinamarca.”

É ainda uma relação bastante dual a que percebi entre os alemães em relação aos povos do sul. Da minha parte, as duas temporadas que passei na Alemanha só reforçaram minha admiração pela bellezza do nosso sul.