terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Melhor da Imprensa no Domingo

Uma seleção do que li de melhor:

El País:


Diálogo Politeísta (uma conversa entre Javier Marías e Umberto Eco)

La fiesta donde nadie reía (um relato interessante dos últimos escândalos do fanfarrão Berlusconi)

New York Times:

Amy Chua is a Wimp (uma crítica da filosofia espartana dessa mãe chinesa na criação de seus filhos)

Maybe Japan Was Just a Warm-Up (uma comparação histórica entre a ameaça japonesa aos EUA nos anos 1980 e 90 e da chinesa nas décadas passada e atual)

The New Yorker:

Money Can Buy Happiness - As If (Woody Allen narrando uma partida de Banco Imobiliário em meio à crise financeira)

Social Animal (um relato das descobertas recentes sobre a mente humana)

Estadão:



fonte: The New Yorker, 23/01/2011


Uma palhinha da reportagem sobre Polanski (El País):

(transcrição de uma tentativa frustrada de entrevista de um jornalista espanhol com o diretor neurótico)

-Señor Polanski, el mal es algo que ha influido profundamente en su forma de hacer cine y...

-No siga usted por ahí.

-Desde que hizo El cuchillo en el agua, el mal, decía, puede presentarse en sus películas como elemento simbólico, real, relacionado con Satán,...

-Le he dicho que no quiero hablar de eso en la entrevista.

-No estoy hablando de su vida, sino de sus películas.

-No hablaré de eso.

-Pues si no podemos hablar de eso, yo ya he acabado la entrevista.

Y la media hora de encuentro entre las dos partes irreconciliables quedó en 10 minutos. Todo por culpa del mal, del Mal.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Brasil, terra boa e gostosa

Quanto ao episódio dos passaportes vermelhos pra família Lula em nome do interesse nacional, o Roberto daMatta comentou: "é a nossa velha prática de canibalizar o cargo que se ocupa". Realmente, Lula não dispensaria essa última lambidinha no prato.

Agora, eu me pergunto sobre a Marisa, que pediu cidadania italiana enquanto o marido dela era presidente do país. Será que ela vai pedir passaporte diplomático pro Berlusconi?


terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Menos gravata!

Um amigo comentou um texto aqui no blog sobre os alemães e me recomendou essa mensagem do Vinícius ao povo português. Vale a pena ver.




(Valeu, Prós!)

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Receita de boa educação

Por que a Finlândia tem os melhores resultados nos índices mundiais de educação?

O governo do Japão enviou uma comitiva ao país escandinavo pra descobrir a resposta. Entre vários aspectos importantes, os japoneses se depararam com uma característica que, inesperadamente, estava entre os pontos-chaves do modelo educacional finlandês: o ensino de música.

Os especialistas finlandeses explicaram aos japoneses que a música produzia dois resultados essenciais. Primeiro, as aulas de música resgatam uma relação fundamental de aprendiz e mestre que acaba se transbordando para as outras disciplinas. Segundo, o ensino de música aproxima a família do aprendizado da criança; no dia-a-dia, quando o aluno pratica suas lições com o instrumento em casa e, nas apresentações na escola, quando a família vai assistir aos concertos.

Escutei esta história em um seminário aqui em Barcelona sobre educação na América Latina. Depois fiquei me perguntando: quantas escolas públicas ensinam música no Brasil? Um luxo quase impensável... no país da melhor música do mundo.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

O Silêncio

Ontem um amigo me contou a história de uma revista que ele e alguns colegas publicaram na década de 70 em Belo Horizonte. A revista se chamava "Silêncio" e veiculava textos de protesto dos estudantes da antiga FAFICH (Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG) contra a ditadura militar. Depois de poucos meses de circulação clandestina pela cidade, os responsáveis pela revista foram intimados a depor na polícia e obrigados a recolher todos os exemplares que já estavam nas ruas. A história não terminou aí, continuou com muita briga entre os publicistas e os censores. Mas naquele momento foram brindados com a brilhante manchete do Pasquim:

"CENSURA PROÍBE SILÊNCIO"


quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Sul do Norte

Uma das minhas mais fortes impressões do povo alemão foi sua afeição à inteligência. Isto se observa desde a mecânica de coisas básicas do dia-a-dia – sempre surpreendentemente funcional e eficiente – até o futebol da seleção nacional. O time de Löw era o mais jovem da Copa do Mundo de 2010, e jogou muito bem. Mas nem por isso abandonou o futebol esquemático, enquadrado, inteligente, tão característico do país. Talvez tentar mudar isso resultaria no mesmo que resultou a tentativa do Dunga de germanizar o futebol tupiniquim.

Na primeira vez que morei na Alemanha, há oito anos, em Rostock, eu estudava ao lado de um canteiro de obras. Eu estranhava muito por quase não ver gente trabalhando. No entanto, a cada dia que passava pela obra, parecia que tinha subido um andar a mais do edifício em construção. Antes de ir pra Alemanha, eu tinha a idéia de um povo aficionado com trabalho, mas percebi que é justamente o contrário. Os profissionais liberais quase nunca trabalham 40 horas semanais e quase impossível é encontrar um estabelecimento comercial aberto aos domingos, mesmo nas grandes cidades. O alemão trabalha relativamente pouco, mas o faz com disciplina e inteligência, aplicando tecnologia e sempre desenvolvendo novas técnicas.

Nas relações sociais também é muito valorizada a inteligência. O que em geral é muito bom, mas que muitas vezes também resulta em insuportáveis competições intelectuais.

Embora o estereótipo de um povo frio seja exagerado, não pude evitar a impressão de que essa gente tão cerebral careça de alguma extroversão, espontaneidade, leveza. Eles mesmos parecem sentir essa falta e isso explica o fascínio das novas gerações por batuques e capoeiras. É a admiração pelo sul.

Mas a relação dos alemães com os povos do sul também é caracterizada historicamente por certo desprezo. O nazismo foi a expressão máxima do Deutschland über alles, mas esta atitude de superioridade não nasceu ali. A literatura de Thomas Mann, por exemplo, reflete bem isso. No conto Tonio Kröger, de 1903, o personagem que dá nome à estória, perguntado se viajaria à Itália, responde:

“Toda aquela bellezza me dá nos nervos. E eu não posso suportar toda aquela terrível vivacidade, toda aquela gente com seus olhos negros animalescos. Eles não têm consciência em seus olhos, essas raças latinas... Não, desta vez farei uma pequena viagem à Dinamarca.”

É ainda uma relação bastante dual a que percebi entre os alemães em relação aos povos do sul. Da minha parte, as duas temporadas que passei na Alemanha só reforçaram minha admiração pela bellezza do nosso sul.