sábado, 26 de março de 2011

Deus

"O homem criou Deus, para que este o criasse" (Ferreira Gullar).

E o poeta complementa:

"Pois como disse o Waldick Soriano, 'eu não sou cachorro não'"

quinta-feira, 10 de março de 2011

O Grande Jornal dos Mineiros (III)

Deu no Estado de Minas:

"Está sem tempo para ir à academia? Fique tranquila, pois é possível ficar em forma sem sair de casa."

Veja que o jornal se dirige explicitamente ao gênero feminino!

Você, mulher, que deseja manter-se atraente para seu marido, continue esquentando a barriga no fogão e esfriando no tanque! Deu no Estado de Minas, jornal moderno!

Esta pérola do EM (mais uma) foi parar no blog do Nassif: http://www.advivo.com.br/node/391504

Valeu, Helga, pela dica! Hilário!




segunda-feira, 7 de março de 2011

O Poeta e o Eunuco

Quem assistiu ao Roda Viva da semana passada viu o contraste da mediocridade com o extraordinário. "No centro da roda" esteve o poeta Ferreira Gullar e, na bancada, os jornalistas titulares do programa Marília Gabriela, Augusto Nunes e Paulo Moreira Leite, além dos convidados Mona Dorf e Carlos Graieb (também jornalistas).

Apesar de ser o melhor programa de entrevistas da televisão brasileira - se não o melhor em qualquer categoria - sempre sofre com sua maior qualidade, isto é, o brilhantismo de seus convidados. Inevitavelmente este brilhantismo se choca com as limitações dos jornalistas entrevistadores. Estes não são de todo incompetentes, ao contrário, são até figuras destacadas no meio. Porém, não se pode pedir que dominem o conhecimento de cada especialidade que ali se discute e, muito menos, que se nivelem às figuras extraordinárias que se sentam ali naquela roda.

Um dia me disseram que jornalistas eram "doutores em miscelânea". Acho a definição um tanto justa, pois reconhece as virtudes e limitações desses profissionais.


Ferreira Gullar (fonte desconhecida)

Gullar para mim é motivo de ufanismo, porque não me vem à mente artista mais brilhante e mais brasileiro que este poeta. Talvez Ariano Suassuna seja o único que lhe dê alguma competição nestes dois quesitos - mas não chega a alcançá-lo, não para mim. No Roda Viva da semana passada, além de se mostrar claramente frustrado pelo desconhecimento total dos entrevistadores sobre poesia, Gullar foi ofendido grosseiramente pelo jornalista Paulo Moreira Leite, ex-redator chefe da revista Veja. Logo no início do programa, o jornalista disse, lendo um poema de Gullar do tempo do concretismo, que era hoje uma poesia quase ilegível e afetada. O poeta se ofereceu a ensinar-lhe ler a poesia e se saiu elegantemente, embora claramente ofendido.

Neste momento fica patente o contraste da mediocridade e do extraordinário, sai faísca do impacto. Moreira Leite, com sua sensibilidade de eunuco, despreza a arte pela incompreensão, anuviado por sua racionalidade frenética e boçal. Mas é em outro momento que a alma raza do jornalista se mostra ainda mais confundida diante do poeta:

"- O senhor fala muito de morte em seus poemas, de vários amigos que já morreram; isto tem a ver com essas indagações [metafísicas, que Gullar comentava que sempre as tinha]?
- Não. Isso dói. Apenas dói. Não responde a nada".

É este tipo de gente que dita o tom na redação da revista mais vendida do país. Sorte é que nas letras do nosso país refúgio é que não falta. Vida longa a Gullar.

Pra quem quiser assistir:

http://www.tvcultura.com.br/rodaviva/programa/1245

A Inteligência de Sua Majestade

Nada mais melancólico que uma potência de segunda categoria com passado imperial. Chega a ser cômico o tom submisso com que o diplomata britânico se dirige a um líder rebelde líbio, choramingando a libertação da missão capturada pelos insurgentes. O programa BBC World Briefing transmitiu hoje um trecho da conversa:

http://www.bbc.co.uk/programmes/p00f1vb6 (disponível até 13/03/2011)

Para quem não está por dentro do assunto, trata-se de uma missão do MI6 ("Her Majesty's Secret Service") e de um regimento de elite da aeronáutica britânica (Special Air Service, SAS) que foram capturados na última quinta-feira pelas tropas rebeldes no oeste da Líbia. O objetivo da missão era estabelecer contato com as forças contrárias ao regime, mas o comando britânico não teve a recepção que esperava e acabaram capturados pelos rebeldes sob suspeita de serem mercenários. Foram mantidos em cativeiro até a libertação que ocorreu hoje.

Esta humilhação faz lembrar uma outra no ano passado, quando a Grã-Bretanha ficou miúda diante de Israel após uma operação em que o Mossad usou passaportes britânicos falsos para assassinar um líder do Hamas em Dubai.



Ps.: Sobre essa operação do Mossad, uma comentarista do The Times publicou na época uma coluna elogiosa da determinação dos israelenses, que, segundo ela, quando precisam agir não vacilam. A jornalista se chama Melanie Reid e é uma mistura da burrice da Eliane Cantanhêde com o conservadorismo caricato do Diogo Mainardi. Na ocasião, enviei um comentário criticando a moralidade infantil da jornalista. O comentário foi publicado mas já não está disponível online, mas o artigo ainda se pode ler (e rir) por aqui:

http://www.timesonline.co.uk/tol/comment/columnists/melanie_reid/article7031188.ece

quinta-feira, 3 de março de 2011

"I owe my life to smoking"


Um conforto aos fumantes, vindo de uma mente ilustre:


"I took to it some seventy years ago, so it doesn't seem to have had a very great effect so far..."