Primeiro o prodígio driblou a Justiça, quando o Supremo Tribunal Federal o livrou de uma ação penal no caso do caseiro. Foi por pouco (5 votos a 4), mas o malandro se safou. Quem saiu entortado neste drible foi o STF, que depois ainda foi desmoralizado pela própria Caixa (!), com uma declaração oficial do banco afirmando que a ordem da violação do sigilo havia mesmo partido do gabinete do ministro.
Depois foi a vez do Legislativo entrar na ginga do mestre. Eleito deputado federal, Palocci foi nomeado por seus pares presidente de uma das mais importantes comissões da Câmara. Mesmo com o nome envolvido nos esquemas do mensalão e da violação do sigilo bancário do caseiro, virou presidente da Comissão de Finanças e Tributação. Nestas circunstâncias surge a firma de consultoria financeira mais lucrativa do país.
Então veio o drible ao Executivo. Mesmo com seu histórico, Palocci foi, por indicação de Lula, chamado a coordenar a campanha de Dilma e, depois da eleição, reconduzido ao centro do poder. Sem constrangimentos, foi nomeado ministro de estado e para nada menos que a Casa Civil. O drible começa aí, mas só termina depois de descoberto o enriquecimento relâmpago, quando Palocci ainda recebe a chancela da Comissão de Ética Pública e sai do governo sob elogios da Presidenta.
Portanto, antes que o Engavetador-Geral da República Roberto Gurgel arquivasse as denúncias contra Palocci, a Justiça já o havia livrado da abertura de um processo, o Legislativo já o havia empoderado e o Executivo o legitimado. É um craque.