sexta-feira, 14 de novembro de 2014
sábado, 16 de agosto de 2014
Sexta-feira morando em SP
Lanchonete e Churrascaria PASV |
Hoje
conheci um daqueles lugares que são intrinsecamente bons, como o Majórica no Rio de Janeiro, o Café Paulín de Buenos Aires, O
Retorno de Barcelona, entre outros que tive o prazer de frequentar. O lugar se
chama Churrascaria e Lanchonete PASV. Fica na Avenida São João, no hipercentro
de São Paulo, um lugar que se você se distrair observando os travestis, os
imigrantes haitianos e os usuários de crack, possivelmente não verá a entrada
discreta do lugar e passará direto.
É um lugar
que nunca se incomodou com o tempo. Na parede, tem um cartaz, bastante
amarelado, que diz: “Hoje: cordeiro na brasa com batatas coradas e arroz com
brócolis.”. Eu perguntei se hoje tinha cordeiro e responderam que sim, muito naturalmente.
Mas pedi a meia bisteca, que dava para dois comerem. Deliciosa. Despistei-me e
não vi que entre os acompanhamentos vinha um tipo de vinagrete, diferente, só
com cebolas, alho, vinagre e salsinha. Estava comendo tudo seco e ainda assim
achando muito bom. Aí veio a garçonete, de uns 70 anos, incomodada, e me
repreendeu: “Não vai comer com molho não, meu filho?”. Obedeci imediatamente.
Delicioso.
Antes do
café chegar, a outra garçonete, também septuagenária, veio com um smartphone na
mão e me pediu: “Como que eu faço pra ficar com a tela grande? Você tem cara
que entende.”. O celular dela tinha acoplada uma antena de televisão – coisa que
eu nunca tinha visto na vida – e estava passando a novela das 7.
Entrou um
casal de meia idade, cumprimentaram uma das garçonetes velhinhas pelo nome,
fizeram alguma piada, deram gargalhadas os três, sentaram-se e jantaram,
calados, vendo a mesma novela das 7 na TV e tomando uma brahma.
Tomei o
café. Também delicioso. Paguei e fui embora.
Não
encontrei o Churrascaria e Lanchonete PASV por uma feliz casualidade, resultado
do meu espírito desbravador, de aventureiro urbano. Encontrei, ridiculamente,
no Guia da Semana da Folha de São Paulo. Algum pioneiro autêntico, muito mais
corajoso que eu, entrou lá um dia e resolveu pedir um almoço, sem medo de se
intoxicar com salmonela, botulismo, enterite ou cólera, ser baleado por um
crackeiro e estuprado por um travesti. Achou muito bom, voltou pra redação e apresentou
seu achado para o mundo que habito. Pelo menos ainda não saiu no Lonely Planet.
Comprar a
Folha na sexta já é um dos meus maiores prazeres da vida. Leio todo o Guia da
Semana, faço planos ambiciosíssimos, feliz e animado, e vou abortando um a um
ao longo do final de semana até que, no domingo à noite, olho pra trás e vejo
que o máximo que alcancei foi uma meia bisteca.
sexta-feira, 11 de abril de 2014
Reputação
"Ninety percent of the politicians give the other ten percent a bad reputation."
Henry Kissinger
Henry Kissinger
domingo, 9 de março de 2014
Exílio
"Much of the exile's life is taken up with compensating
for disorienting loss by creating a new world to rule. It is not surprising
that so many exiles semm to be novelists, chess players, political activists,
and intellectuals. Each of these occupations requires a minimal investment in
objects and places a great premium on mobility and skill. The exile's new
world, logically enough, is unnatural and its unreality resembles fiction.
Georg Lukács, in Theory of the Novel, argued with compelling force that the
novel, a literary form created out of the unreality of ambition and fantasy, is
the form of 'transcendental homelessness'."
(Reflections On Exile: And Other Literary And Cultural Essays, de Edward Said)
quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014
sábado, 22 de fevereiro de 2014
Baía do Guajará
"Diego no conocía la mar. El padre, Santiago Kovadloff, lo llevó a descubrirla.
Viajaron al sur.
Ella, la mar, estaba más allá de los altos médanos, esperando.
Cuando el niño y su padre alcanzaron por fin aquellas cumbres de arena, después de mucho caminar, la mar estalló ante sus ojos. Y fue tanta la inmensidad de la mar, y tanto su fulgor, que el niño quedó mudo de hermosura. Y cuando por fin consiguió hablar, temblando, tartamudeando, pidió a su padre:
—¡Ayúdame a mirar!"
(El libro de los abrazos, de Eduardo Galeano)
Viajaron al sur.
Ella, la mar, estaba más allá de los altos médanos, esperando.
Cuando el niño y su padre alcanzaron por fin aquellas cumbres de arena, después de mucho caminar, la mar estalló ante sus ojos. Y fue tanta la inmensidad de la mar, y tanto su fulgor, que el niño quedó mudo de hermosura. Y cuando por fin consiguió hablar, temblando, tartamudeando, pidió a su padre:
—¡Ayúdame a mirar!"
(El libro de los abrazos, de Eduardo Galeano)
(Baía do Rio Guajará, Belém do Pará, Brasil - Fev14) |
terça-feira, 18 de fevereiro de 2014
Altivez
“Iliá Ilitch não andava como seu falecido marido, o secretário colegiado Pchenítsin, com uma presteza mesquinha, sistemática, não ficava redigindo documentos o tempo todo, não estremecia de medo de se atrasar para o trabalho, não olhava para todos como se pedisse que lhe pusessem uma sela nas costas e montassem, em vez disso olhava para tudo e para todos de modo tão atrevido e livre como se exigisse obediência.”
(Oblómov, de Ivan Gontcharóv)
(Oblómov, de Ivan Gontcharóv)
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