quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
Atendimento Telefônico
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
"Eu estudei a norma"
domingo, 19 de dezembro de 2010
sábado, 18 de dezembro de 2010
A boa arte pagã pra aguçar o espírito natalino
O guardador de rebanhos - VIII
Alberto Caeiro (Fernando Pessoa)
(...)
Num meio dia de fim de primavera
Tive um sonho como uma fotografia
Vi Jesus Cristo descer à terra,
Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se de longe.
Tinha fugido do céu,
Era nosso demais para fingir
De segunda pessoa da Trindade.
No céu era tudo falso, tudo em desacordo
Com flores e árvores e pedras,
No céu tinha que estar sempre sério
E de vez em quando de se tornar outra vez homem
E subir para a cruz, e estar sempre a morrer
Com uma coroa toda à roda de espinhos
E os pés espetados por um prego com cabeça,
E até com um trapo à roda da cintura
Como os pretos nas ilustrações.
Nem sequer o deixavam ter pai e mãe
Como as outras crianças.
O seu pai era duas pessoas -
Um velho chamado José, que era carpinteiro,
E que não era pai dele;
E o outro pai era uma pomba estúpida,
A única pomba feia do mundo
Porque não era do mundo nem era pomba.
E a sua mãe não tinha amado antes de o ter.
Não era mulher: era uma mala
Em que ele tinha vindo do céu.
E queriam que ele, que só nascera da mãe,
E nunca tivera pai para amar com respeito,
Pregasse a bondade e a justiça!
Um dia que Deus estava a dormir
E o Espírito Santo andava a voar,
Ele foi à caixa dos milagres e roubou três,
Com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido.
Com o segundo criou-se eternamente humano e menino.
Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz
E deixou-o pregado na cruz que há no céu
E serve de modelo às outras.
Depois fugiu para o sol
E desceu pelo primeiro raio que apanhou.
Hoje vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso e natural.
Limpa o nariz no braço direito,
Chapinha nas poças de água,
Colhe as flores e gosta delas e esquece-as.
Atira pedras nos burros,
Rouba as frutas dos pomares
E foge a chorar e a gritar dos cães.
E, porque sabe que elas não gostam
E que toda a gente acha graça,
Corre atrás das raparigas
Que vão em ranchos pelas estradas
Com as bilhas às cabeças
E levanta-lhes as saias.
A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as cousas,
Aponta-me todas as cousas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.
Diz-me muito mal de Deus,
Diz que ele é um velho estúpido e doente,
Sempre a escarrar no chão
E a dizer indecências.
A Virgem Maria leva as tardes da eternidade a fazer meia,
E o Espírito Santo coça-se com o bico
E empoleira-se nas cadeiras e suja-as.
Tudo no céu é estúpido como a Igreja Católica.
Diz-me que Deus não percebe nada
Das coisas que criou -
"Se é que as criou, do que duvido" -
"Ele diz, por exemplo, que os seres cantam a sua glória,
mas os seres não cantam nada,
se cantassem seriam cantores.
Os seres existem e mais nada,
E por isso se chamam seres".
E depois, cansado de dizer mal de Deus,
O Menino Jesus adormece nos meus braços
E eu levo-o ao colo para casa.
(...)
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
O Grande Jornal dos Mineiros
fonte: Estado de Minas / TV Alterosa
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
Morro do Macaco Molhado, Madrid
fonte: http://favelasdomundo.blogspot.com/
(A última é o prefeito e vice-prefeita de Madrid pedindo voto na favela - exatamente como fazem os nossos)
Não é que estou sugerindo uma equiparação entre Oslo e a Baixada Fluminense, ou Genebra e a COAB. Mas se vamos nos comparar com o velho continente, que seja em termos justos.
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
Começar a aprender
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
terça-feira, 26 de outubro de 2010
Buenos Aires Anti-Social Club
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
"Conquistar la libertad es conquistar la simplicidad" (Joan Miró)
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
"Arm und Sexy"
sexta-feira, 18 de junho de 2010
Pátria Minha (Vinícius de Moraes)
segunda-feira, 26 de abril de 2010
Filmes irmãos
domingo, 11 de abril de 2010
Confissão do Cabo Julio
BLOG OFICIAL DO CABO JÚLIO: "EU PENSEI QUE FOSSE MORRER DE TANTA DOR"
sexta-feira, 9 de abril de 2010
Sad as it can be...
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
Virada Chinesa
O que eu observei nos chineses na Alemanha é que eram estudantes muito retraídos, pouco participativos nas aulas e pouco sociáveis com os locais e demais estrangeiros. Estas ainda são características comuns entre os chineses que vejo hoje aqui na Inglaterra; no entanto, essa discrição parece que está deixando de ser absoluta. Já não é tão raro ouvir comentários (muitas vezes polêmicos) de estudantes chineses nos seminários, ou vê-los interagindo com os colegas fora das aulas. Percebe-se facilmente como o aumento da riqueza e poder da China se reflete no comportamento de seus estudantes vivendo no exterior. Antes parecia que vinham apenas absorver de forma pragmática os benefícios da formação acadêmica na Europa e adotavam uma postura muito discreta, mesmo temerosa e submissa. Agora, continuam pragmáticos, mas parecem mais confiantes, orgulhosos de sua origem e cultura, e até mesmo se começa a notar em alguns, para além do pragmatismo, um certo prazer em desfrutar a experiência na Europa.
Eu tenho uma vizinha de Xangai no meu dormitório, por exemplo, que promove banquetes quase que diariamente. Juntam-se os amigos, preparam comidas tradicionais, comem de pauzinho, mas desperdiçam comida como legítimos ocidentais.
Outro caso muito interessante ilustra a maneira como esses chineses pensam e que agora começam a expressar. Aconteceu em um dos seminários semanais que tenho aqui no curso. Eu cheguei mais cedo e pude ouvir a discussão de uma colega filipina com uma chinesa sobre o trabalho em dupla que iriam apresentar sobre modelos de desenvolvimento. A filipina havia notado que a chinesa tinha suprimido um tópico da apresentação, “liderança”. Então questionou a colega pela falta, que respondeu: “eu tirei ‘liderança’ porque já havia outro tópico ‘burocracia’ e ‘liderança’ e ‘burocracia’ são praticamente a mesma coisa, praticamente sinônimos”. Certo ou errado, é o pensamento da nova hegemonia e, bem ou mal, com o qual o mundo vai ter que lidar.
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
"O fedor de Westminster continua"
Mais importante que perceber as semelhanças entre o tipo de gente que se infiltra nos dois parlamentos é refletir sobre as diferenças nas reações das duas sociedades. Um mês após a revelação dos gastos pela imprensa, o equivalente local ao Presidente da Câmara (Speaker of the House of Commons ) caiu. Caiu e deixou a vida pública - é importante dizer. Os 364 MPs envolvidos no escândalo foram obrigados a devolver um total de £1,120,000 (R$ 3.360.000). Teve parlamentar que pagou mais do que foi cobrado, impondo-se multas voluntárias. Foi criada uma comissão independente para fiscalizar permanentemente todos os gastos de Westminster (tanto a Câmara dos Comuns como a dos Lordes). Esta comissão não só deverá fiscalizar, mas deverá estabelecer os valores dos salários e demais penduricalhos dos parlamentares. Ou seja, o probleminha óbvio de se votar em benefício próprio foi aqui tratado com seriedade. Hoje, o jornal The Times publicou que a Promotoria da Coroa deve anunciar a acusação criminal contra vários MPs, baseada em investigação da Scotland Yard sobre o caso. E, por fim, a expectativa é que na próxima eleição haverá a maior renovação de representantes na história desse parlamento (o mais antigo do mundo). Pois é, aqui o presidente da Casa caiu e se recolheu humilhado da vida pública, o dinheiro furtado foi restituído, houve uma imediata reforma institucional (séria), a Justiça se moveu e está acusando criminalmente os pilantras e o que se espera é que o eleitorado vá fazer a sua parte. Quase igual ao Brasil!
E, com tudo isso, os ingleses não estão satisfeitos. No mesmo jornal de hoje um comentarista escreveu em sua coluna que “O fedor de Westminster continua”. Imagina o que esse sujeito não diria se sentisse a maré do Planalto Central...