sábado, 11 de junho de 2011

Palocci é Pelé e é Garrincha

Se Antônio Palocci é o Pelé da consultoria, talento inigualável do ramo, é também o Garrincha da impunidade, um gênio do drible que já se safou nos três poderes da União. Sua trajetória revela muito do atual estado das instituições brasileiras no que se refere ao combate à corrupção.

Primeiro o prodígio driblou a Justiça, quando o Supremo Tribunal Federal o livrou de uma ação penal no caso do caseiro. Foi por pouco (5 votos a 4), mas o malandro se safou. Quem saiu entortado neste drible foi o STF, que depois ainda foi desmoralizado pela própria Caixa (!), com uma declaração oficial do banco afirmando que a ordem da violação do sigilo havia mesmo partido do gabinete do ministro.

Depois foi a vez do Legislativo entrar na ginga do mestre. Eleito deputado federal, Palocci foi nomeado por seus pares presidente de uma das mais importantes comissões da Câmara. Mesmo com o nome envolvido nos esquemas do mensalão e da violação do sigilo bancário do caseiro, virou presidente da Comissão de Finanças e Tributação. Nestas circunstâncias surge a firma de consultoria financeira mais lucrativa do país.

Então veio o drible ao Executivo. Mesmo com seu histórico, Palocci foi, por indicação de Lula, chamado a coordenar a campanha de Dilma e, depois da eleição, reconduzido ao centro do poder. Sem constrangimentos, foi nomeado ministro de estado e para nada menos que a Casa Civil. O drible começa aí, mas só termina depois de descoberto o enriquecimento relâmpago, quando Palocci ainda recebe a chancela da Comissão de Ética Pública e sai do governo sob elogios da Presidenta.

Portanto, antes que o Engavetador-Geral da República Roberto Gurgel arquivasse as denúncias contra Palocci, a Justiça já o havia livrado da abertura de um processo, o Legislativo já o havia empoderado e o Executivo o legitimado. É um craque.

Um comentário:

  1. É meu caro, fico pensando se esse craque ainda volta aos gramados executivos, o que pensa? Porque se a história sempre se repete como farsa, o que dizer então de uma repetição da repetição... Abraço, Prós

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