quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Forró agringolado

Os gringos se curvam à melhor cultura do mundo... e Luiz Gonzaga rola na cova!

(clica pra ver o vídeo)

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Virada Chinesa

Em 2004 fui estudar na Alemanha e, já naquela época, me impressionou o número de chineses na universidade. Agora, vivendo outra vez em um campus europeu, tenho a sensação que não apenas a quantidade de estudantes chineses aumentou exponencialmente, mas que uma mudança qualitativa ocorreu na presença deles por aqui.

O que eu observei nos chineses na Alemanha é que eram estudantes muito retraídos, pouco participativos nas aulas e pouco sociáveis com os locais e demais estrangeiros. Estas ainda são características comuns entre os chineses que vejo hoje aqui na Inglaterra; no entanto, essa discrição parece que está deixando de ser absoluta. Já não é tão raro ouvir comentários (muitas vezes polêmicos) de estudantes chineses nos seminários, ou vê-los interagindo com os colegas fora das aulas. Percebe-se facilmente como o aumento da riqueza e poder da China se reflete no comportamento de seus estudantes vivendo no exterior. Antes parecia que vinham apenas absorver de forma pragmática os benefícios da formação acadêmica na Europa e adotavam uma postura muito discreta, mesmo temerosa e submissa. Agora, continuam pragmáticos, mas parecem mais confiantes, orgulhosos de sua origem e cultura, e até mesmo se começa a notar em alguns, para além do pragmatismo, um certo prazer em desfrutar a experiência na Europa.

Eu tenho uma vizinha de Xangai no meu dormitório, por exemplo, que promove banquetes quase que diariamente. Juntam-se os amigos, preparam comidas tradicionais, comem de pauzinho, mas desperdiçam comida como legítimos ocidentais.

Outro caso muito interessante ilustra a maneira como esses chineses pensam e que agora começam a expressar. Aconteceu em um dos seminários semanais que tenho aqui no curso. Eu cheguei mais cedo e pude ouvir a discussão de uma colega filipina com uma chinesa sobre o trabalho em dupla que iriam apresentar sobre modelos de desenvolvimento. A filipina havia notado que a chinesa tinha suprimido um tópico da apresentação, “liderança”. Então questionou a colega pela falta, que respondeu: “eu tirei ‘liderança’ porque já havia outro tópico ‘burocracia’ e ‘liderança’ e ‘burocracia’ são praticamente a mesma coisa, praticamente sinônimos”. Certo ou errado, é o pensamento da nova hegemonia e, bem ou mal, com o qual o mundo vai ter que lidar.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

"O fedor de Westminster continua"

No ano passado, uma coincidência interessante aconteceu. Apenas um mês após o escândalo das passagens aéreas no Congresso Nacional, os parlamentares da Câmara dos Comuns, aqui no Reino Unido, também foram flagrados pela imprensa local abusando das verbas indenizatórias. Teve parlamentar que foi indenizado em £2,250 (aprox. R$ 6.750) por um banquinho de sala de estar (que deve ter sido comprado na mesma loja em que o reitor da UNB adquire latas de lixo). Teve outro que recebeu uma indenização de £5,000 (R$ 15.000) por despesas com limpeza. Ele é conhecido agora como “Mr Clean”. Enfim, são vários os casos pois mais da metade dos 646 MPs (Members of Parliament, como são chamados aqui) foram flagrados na lambança. Quase igual ao caso brasileiro. Quase...

Mais importante que perceber as semelhanças entre o tipo de gente que se infiltra nos dois parlamentos é refletir sobre as diferenças nas reações das duas sociedades. Um mês após a revelação dos gastos pela imprensa, o equivalente local ao Presidente da Câmara (Speaker of the House of Commons ) caiu. Caiu e deixou a vida pública - é importante dizer. Os 364 MPs envolvidos no escândalo foram obrigados a devolver um total de £1,120,000 (R$ 3.360.000). Teve parlamentar que pagou mais do que foi cobrado, impondo-se multas voluntárias. Foi criada uma comissão independente para fiscalizar permanentemente todos os gastos de Westminster (tanto a Câmara dos Comuns como a dos Lordes). Esta comissão não só deverá fiscalizar, mas deverá estabelecer os valores dos salários e demais penduricalhos dos parlamentares. Ou seja, o probleminha óbvio de se votar em benefício próprio foi aqui tratado com seriedade. Hoje, o jornal The Times publicou que a Promotoria da Coroa deve anunciar a acusação criminal contra vários MPs, baseada em investigação da Scotland Yard sobre o caso. E, por fim, a expectativa é que na próxima eleição haverá a maior renovação de representantes na história desse parlamento (o mais antigo do mundo). Pois é, aqui o presidente da Casa caiu e se recolheu humilhado da vida pública, o dinheiro furtado foi restituído, houve uma imediata reforma institucional (séria), a Justiça se moveu e está acusando criminalmente os pilantras e o que se espera é que o eleitorado vá fazer a sua parte. Quase igual ao Brasil!

E, com tudo isso, os ingleses não estão satisfeitos. No mesmo jornal de hoje um comentarista escreveu em sua coluna que “O fedor de Westminster continua”. Imagina o que esse sujeito não diria se sentisse a maré do Planalto Central...